segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Queijos e Alergias Alimentares

Na última semana (29/10) conheci uma fazenda a 80 km de Uberlândia.


A Fazenda Furna tem hoje como principal atividade a produção de queijos artesanais feitos pelo Alessandro (Liu - https://www.instagram.com/gnomadicfarmer/) que desde Fevereiro deste ano deixou o mundo
corporativo e se mudou para roça e tem se dedicado à produção de queijos e cuidados com a fazenda da família. 

Durante alguns dias pude acompanhar a produção em todas as suas etapas - O cuidado com as Musas (como carinhosamente ele chama suas 4 vacas leiteiras), a ordenha manual diária, o preparo dos queijos, a colheita das ervas em sua horta medicinal para os queijos com ervas e claro, a degustação dos queijos.


  
               

Tenho um histórico pessoal de várias hipersensibilidades (hoje bem controladas). Desde que iniciei meus estudos em nutrição funcional, venho entendendo a influência do alimento, meio ambiente, emoção, mente e espírito na minha vitalidade. E durante esses dias na fazenda tive momentos de reflexões profundas sobre meus estudos, a importância cultural do alimento, o senso de comunidade e essas hipersensibilidades.

Compartilho aqui com vocês estas reflexões, mas antes é preciso entender o que são as sensibilidades alimentares:


Alergia Alimentar é a denominação utilizada para as reações adversas aos alimentos, que envolvem mecanismos imunológicos, resultando em grande variabilidade de manifestações clínicas.
Intolerâncias alimentares, como por exemplo, na intolerância à lactose, serão desencadeados sintomas pela incapacidade de se digerir a lactose (por falta da enzima lactase), ocorrendo a fermentação da lactose, culminando em sintomas como formação de gases, cólicas, estufamentos, dores intestinais, mau hálito e até diarreia, porém, não há intermediação do sistema imunológico.
Entendendo alguns dos principais alérgenos:
O glúten é uma proteína insolúvel encontrada naturalmente no grão de muitos cereais como o trigo, cevada, triticale, centeio e aveia. Sua atual composição após modificações genéticas, deixou essa proteína muito complexa com difícil digestão, ou seja, mesmo que seu estômago esteja funcionando perfeitamente, com quantidades adequadas de ácido clorídrico e enzimas digestivas (o que é muito raro hoje, devido aos hábitos alimentares atuais), macromoléculas passarão intactas pela digestão, ativando o sistema imunológico.
O leite e os derivados do leite apresentam na sua composição diversas proteínas, tais como: alfa-lactoglobulina, beta-lactoglobulina, caseína, entre outras. Nosso organismo não está adaptado a produzir enzimas que consigam digerir facilmente e completamente essas frações proteicas, principalmente se estes produtos passarem pela pasteurização (processo que acontece com todos os leites e produtos lacteos industrializados). Além das proteínas, os lácteos podem ou não apresentar um açúcar chamado lactose que poderá gerar intolerância à lactose em pessoas com deficiência da enzima lactase.
Nosso intestino não reconhece  os alimentos diretamente sem antes serem processados (digeridos através da mastigação e digestão completa); ele reconhece nutrientes, após a digestão, ou seja, ele reconhece aminoácidos (proteínas), glicose e frutose (carboidratos) e ácidos graxos (gorduras).
A presença de macromoléculas intactas no intestino delgado gera reações imunológicas e inflamatórias, pois o corpo reconhece essas macromoléculas como estranhas ou não próprias ao seu funcionamento, causando danos às pequenas vilosidades que revestem sua parede, acionando o sistema imunológico para combater o dano e, como consequência, poderá desencadear sintomas clínicos, devido à inflamação e aumento da permeabilidade intestinal. Essa reação é considerada uma desordem autoimune que o organismo ataca a si mesmo na presença do alérgeno.

Mas por que estes alimentos se tornaram tão nocivos? Qual foi a caminhada que nos trouxe até esse desequilíbrio que atinge grande parte das pessoas que atendo em consultório?

No caso do glúten, presente no trigo, tivemos uma alteração genética, aumentando a quantidade de glúten no grão para aumentar a capacidade de elasticidade dos pães. Solução: Pão de trigo orgânico germinado e fermentado (Pão Essênio): a germinação e fermentação digerem o glúten e reduzem o excesso de amido. https://www.youtube.com/watch?v=sFQuDj0uRko 

E o leite?
Tudo se inicia com o tratamento das vacas (no caso, das Musas). O uso de antibióticos, hormônios (utilizados para aumentar a produção de leite) e confinamento dos animais (que deixam de pastar e se alimentam apenas de silagem - produzem um leite com mais aflotoxinas que o amendoim) produzem um leite que ao ser consumido irá alterar nossa flora intestinal, vilosidades intestinais, entrarão em nosso organismo como corpos estranhos, sendo necessária uma ação imunológica, causando diversos desequilíbrios em nossa saúde.
Outro processo importante que confere ao leite um dos principais alérgenos alimentares é a pasteurização, processo de aquecimento do leite em altíssimas temperaturas para esterilização de bactérias. A pasteurização, reduz drasticamente as enzimas contidas no leite, necessárias para nossa digestão de suas proteínas e reduz as vitaminas do complexo B, necessárias para formação das microvilosidades intestinais e da microbiota intestinal. Solução: leite orgânico, biodinâmico,cru, queijos fermentados, iogurtes fermentados no kefir (bactérias probióticas)








Abordagem Holística: pela visão energética do nosso funcionamento, as alergias alimentares estão relacionadas com desequilíbrios em 2 chacras, RAIZ e FOGO. Pessoas com pouca atividade no 1º chacra (RAIZ) possuem dificuldades em estabelecer limites saudáveis, são inseguros no meio em que vivem, são restritivos nas suas escolhas alimentares (por opção, ou pelas alergias que surgem dessa restrição), possuem dificuldades em se conectarem com uma comunidade (preferem ficar sós), não confiam nas pessoas e não possuem uma base de confiança na vida. Para compensar esse desequilíbrio, algumas pessoas desenvolvem uma hiperatividade no 3º chacra (FOGO/PLEXO SOLAR), caracterizado pelo perfeccionismo, competitividade, egocentrismo, alta expectativa de si e das pessoas e precisam ter muito controle sobre a vida. Como consequência, há uma diminuição na capacidade de transformar os alimentos (digerir e absorver), levando aos sintomas gastrointestinais e alergias alimentares.
Soluções Possíveis: você pode melhorar e amenizar as reações do seu sistema imunológico reequilibrando esses chacras.
Equilíbrio do 1ª chacra: consumir alimentos vermelhos (beterraba, frutas vermelhas, tomate, molho de tomate caseiro), raízes (cenoura), tubérculos (batata doce), alho, cebola e rabanete. Consumir fontes proteicas em todas as refeições: smoothies proteicos no café da manhã, castanhas, sementes (abóbora, girassol, linhaça, chia), leguminosas (feijões) e cogumelos. Faça suas refeições na presença de um amigo e/ou familiar. E quando possível, faça suas refeições no chão e procure estar em contato com a natureza, terra e solo.
Equilíbrio do 3ª chacra: consumir alimentos amarelos (banana, manga, pimentão amarelo, abacaxi, milho cozido), cereais integrais, carboidratos complexos (tubérculos, arroz integral, frutas com casca, etc), mas cuidado com os excessos. Evite alimentos que forneçam energia rápida, como os carboidratos refinados (açúcar, adoçantes artificiais, doces, cereais refinados, refrigerantes, sucos de caixinha) e cafeína (café, chá mate, chá verde, chá preto, chá branco e suplementos). Pratique técnicas de relaxamento para reduzir o estresse: respirações profundas, florais, consciência durante a mastigação dos alimentos, diga “não” para oportunidades que você não terá tempo de realizar, se divirta em tudo que faça, aproveite a vida e saiba que você é suficiente.

Nosso corpo está gritando sobre nossa relação com a Terra e com nós mesmos.
A solução é o equilíbrio em nosso corpo, mente e espírito.
Relações mais saudáveis com a Terra, com os animais e entre nós, seres humanos, são a solução para as doenças que estamos vivendo.
O queijo faz parte de um povo e uma cultura. Cultive e incentive os pequenos produtores que produzem alimentos com cuidado, amor e carinho.